sexta-feira, 9 de março de 2007

Preconceito

Infelizmente ainda estamos profundamente atrasados na nossa maneira de SENTIR. Nossos sentimentos são calcados em valores externos, em padrões pré-estabelecidos por nós mesmos num constante círculo vicioso hermeticamente fechado em nosso mundo material. Achamos estar evoluindo, mas muitos atos "normais" praticados por nós hoje, ontem eram considerados "anormais" e vice-versa. Então, se até a nossa evolução está condicionada a um determinado parâmetro, ditado por nós mesmos, como saber se evoluímos ou involuímos?

A principal busca do Homem é ser feliz. Tudo o que fazemos, todos os nossos atos se justificam na conquista da nossa felicidade, mas a humanidade não é feliz, pois ainda não conseguiu compreender que Felicidade não é algo genérico, universal, é um estado de sentimento que varia de acordo com algo muito maior que qualquer padrão externo: o grau de maturidade do nosso eu, da nossa consciência, da nossa alma ou do nosso espírito (de acordo com as diversas crenças e filosofias).

Por isso sacrificamos o outro quando este foge aos padrões que reconhecemos como "normais". Nosso sentimento de aversão, condenação e crítica nada mais é do que a nossa incapacidade de compreender aquela forma de Felicidade experimentada pelo outro. Consequentemente, a Felicidade alheia não só nos incomoda como também nos cega, não nos permitindo encontrá-la talvez no último lugar que nós a procuraríamos: dentro de nós mesmos.

Precisamos urgentemente reaprender a SENTIR. A expressão tão comumente usada "sentir na pele" precisa sair de nossas bocas e entrar em nossos poros, pois apenas se colocando no lugar do outro, não conseguimos sentir o que ele está sentindo, é somente quando realmente passamos pela mesma provação que conseguimos perceber o quanto de dor há naquele sentimento. Portanto para evitar que tenhamos que aprender através da experiência, devemos nos reeducar para SENTIR com os nossos corações.

Nossos Filhos Não São Nossos...

Sabe aquela transa gostosa que você teve na sexta-feira à noite? Pois é, virou uma sementinha na tua barriga. Após o primeiro impacto, lentamente (afinal você tem nove meses para isto) seu corpo começa a adaptar-se à nova situação e seu coração idem. Quanta preocupação neste período! É um tal de fazer exame para lá, exame para cá, deve comer isto, não deve comer aquilo...”Agora você não está mais sozinha, precisa cuidar do seu neném!”. Quem disse isto? Te garanto que ele é que não foi. Tudo que o bebezinho quer e precisa é de sombra e água fresca e isto ele está tendo de sobra lá dentro do seu barrigão. Algum tempo depois mais alguém surge para povoar este mundo. Reconhecemos nele os nossos olhos, a boca gostosa do cara que fez ele na tal sexta-feira, o nariz do vovô, o cabelo da vovó, a ranhetice que geralmente é da sogra ou da cunhada, enfim, achamos que o bichinho é nosso porque reconhecemos nele diversas características nossas. Ledo engano... Enquanto ele não sabe falar, nem andar, até podemos nos iludir achando que é nosso. Afinal o carregamos para onde bem entendemos, mas se realmente fosse nosso poderíamos desligá-lo quando começasse a berrar na madrugada, reduzir seu mecanismo de “fazer caquinha” a uma, (ta bom!) duas vezes por semana, programá-lo para dormir às 20 e só acordar às 10, e por aí vai... Mas o “nosso” filhote continua crescendo e assim que aprende a falar, você mesma o ensina a dizer “não” (que ingenuidade a nossa!) e o danadinho logo começa a praticar os ensinamentos aprendidos contra o seu mestre: é o não para a comida, o não para tomar banho, sair dos brinquedos na pracinha, dar beijinhos na vovó, tomar remédio, mais tarde o não para ir à escola, fazer os deveres, estudar inglês, ir na casa da vovó...se fosse nosso realmente, jamais teríamos adquirido algo que tivesse o poder de tanto nos contrariar e nos estressar. Então tá, chegamos à brilhante conclusão que nossos filhos não são nossos, mas então de quem eles são? Deles mesmos, é lógico! São deles a maneira de pensar, a agilidade do raciocínio (já percebeu quantas vezes eles nos colocam no bolso?), a vontade, a dor que sentem (não adianta você avisar que se correr vai cair...), a fome ou a inapetência, o sono ou a insônia, a criatividade, a responsabilidade pelas escolhas. Nossos filhos não pensam como nós, não agem como nós e (que ótimo!) não são como nós. Tal como numa linha de produção, somos apenas operários que produzem, mas não somos donos do produto e tampouco este teria que ser necessariamente a nossa cópia. Mas certamente muita coisa dos nossos filhos é nossa. É nossa a sua tristeza diante dos embates da vida, a raiva e a indignação que ele venha a sentir caso seja injustiçado, como também é nossa a sua alegria de ter conquistado algo e a felicidade que todo ser realizado exala. Nossos são os carinhos, as gargalhadas compartilhadas juntas, o abraço matinal nos dando bom-dia, os beijinhos e beijões que recebemos por deixá-los serem eles mesmos, os sorrisos e olhares de cumplicidade... Nosso é somente o Amor que conseguirmos plantar em seus coraçõezinhos.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Prefácio

Meu coração transmite
Toda a espera e toda a candura
De uma menina que não se realizou.
E talvez meu maior pecado
É ter olhos indecifráveis...
Ou talvez,
O pecado é não haver alguém que os consiga decifrar.
Sou uma alma desconhecida
Uma alma que povoa um corpo de mulher,
Em sonhos de uma menina adormecida.